A Natureza

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A Natureza deve ser considerada como um todo, integrando toda a sua biogeodiversidade.
É através desta união harmoniosa donde a força e a energia são emanadas e que permitem compor a mais bela sinfonia universal.
Todas as criaturas deveriam estar presentes e acompanhar de forma equilibrada a sua evolução e progresso.
O homem como ser mais inteligente, deverá reflectir em seus actos para sua protecção, preservação e conservação.
Ana Paula Oliveira

Década da BioDiversidade - 2011 / 2020 - Vivendo em harmonia com a natureza

O Planeta sem Gelo

Massivas erupções vulcânicas foram responsáveis pelo Máximo Térmico Paleoceno-Eoceno há 56 milhões de anos atrás?
 
Fonte: Foto de Nacional Geographic Portugal

 “O inuíte Johnny Issaluk segura uma foto recente de um pântano na Carolina do Sul. Assim era a sua região, próxima ao círculo ártico na ilha Baffin, 56 milhões de anos atrás, quando a temperatura do mar no verão do polo Norte chegou a 23ºC.”
 

Há cerca de 56 milhões de anos, as temperaturas globais aumentaram em cerca de 5˚C e assim permaneceram durante 170.000 anos. Sabemos que nesta época milhares de espécies marinhas primitivas se extinguiram. Paradoxalmente, esta extinção marinha coincidiu com uma era de aumento na diversidade das plantas sem precedentes bem como a ascensão dos mamíferos como o ramo animal dominante.
 
Agora os pesquisadores julgam ter descoberto a causa do efeito estufa de 56 milhões de anos atrás: uma enorme série de erupções submarinas pode ter saturado o ar com possivelmente bilhões de toneladas de metano (CH4), que como se sabe é um gás com capacidade de produzir o feito estufa com intensidade 60 vezes maior que o dióxido de carbono (CO2).
Seguir perseguindo as pistas das causas de extinções em massa bem como o aumento da temperatura global em eras antigas da Terra tem ocupado os pesquisadores ao longo de décadas. E o caso em questão, conhecido como Máximo Térmico do Paleoceno-Eoceno (MTPE ou PETM, em inglês), não representa uma exceção.
Fonte: Internet
 
Durante o Eoceno, a disposição geográfica da Terra era significativamente diferente. Como podemos ver no mapa acima, por exemplo, o Istmo do Panamá não exercia ainda o papel de elo de ligação entre América do Norte e América do Sul, permitindo o livre-trânsito das águas entre o Oceano Atlântico e o Pacífico. Por outro lado, a Passagem de Drake ficou obstruída, impedindo o isolamento térmico da Antártida.
 
Estes cenários geográficos, além dos altos níveis de gases causadores do efeito estufa (metano, dióxido de carbono e vapor d’água) na atmosfera, indicam que não havia camadas de gelo importantes, encontrando-se o planeta Terra quase que integralmente livre de gelo.
 
Há 7 anos encontrou-se uma possível resposta a partir de amostras obtidas em perfurações juntamente com dados sísmicos tomados no Mar da Noruega, por coincidência, não muito distante da Islândia, onde as erupções do vulcão Eyjafjallajökull atraíram a atenção mundial.
 
As amostras e os dados sísmicos locais indicam a presença de crateras submarinas com até 700 quilômetros de diâmetro, sugerindo que a área sofreu uma convulsão vulcânica em uma escala que supera qualquer outro evento já presenciado na história da humanidade. Estas crateras também estão localizadas em áreas que contêm enormes reservas de metano.
 
Assim, o geólogo Henrik Svensen, da Universidade de Oslo e seus colegas têm estudado o conteúdo destas amostras de perfuração desde sua descoberta. Eles se concentraram em particular, no estudo de pequenos cristais de zircônio destes sedimentos. Com base na análise de isótopos de urânio e chumbo contidos nos cristais (conforme publiaram no jornal da Sociedade de Geologia), os pesquisadores concluíram que os cristais foram formados há 56 milhões de anos atrás, precisamente quando começou o PETM.
 
Em sua tese, Svensen e seus colegas argumentam que o magma que formou as crateras aqueceu os sedimentos subjacentes, que liberou grandes quantidades de metano. Esse metano borbulhou até a superfície e se dispersou na atmosfera, criando um poderoso efeito estufa, que a Terra levou entre 120.000 e 170.000 para se recuperar (conforme o gráfico abaixo que mostra as variações climáticas no últimos 65 milhões de anos).
 
 

Fonte: Internet
 
Desde o século 18, a queima de combustíveis fósseis já lançou na atmosfera mais de 300 bilhões de toneladas de carbono – provavelmente menos de um décimo das reservas existentes ou do que foi liberado por ocasião do PETM. Esse evento não nos diz o que vai acontecer com a vida no planeta se decidirmos esgotar essas reservas. (Em 2010, as emissões globais de carbono atingiram novo recorde.) Talvez ocorra um surto de inovação evolutiva como aquele que deu origem aos primatas dos quais descendemos. Ou talvez desta vez, com todas as outras pressões sobre as espécies, aconteçam extinções maciças.
 
O que o PETM faz é apenas fornecer contexto mais amplo para as nossas escolhas. Daqui a dezenas de milhões de anos, seja qual for o destino da humanidade, todo o padrão de vida na Terra pode ser radicalmente diverso daquilo que poderia ter sido – apenas em função do tipo de energia que adotamos durante alguns séculos.
 
A terra já sentiu uma crise como esta, a origem do pico de carbono ocorrido há 56 milhões de anos é incerta, mas foi natural. O aumento atual, que podera ser rápido, é artificial. Esta será a grande diferença!
 
Fonte: Revista Nacional Geographic Portugal Maio de 2012

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